quarta-feira, 18 de julho de 2007

Lembrança da Morte


A fada suicida crescia em silêncio e do reino encantado ela se desfez,
Todas as meias verdades escondidas morreram com o seu mentor.
As flores mortas já não exercem este poder,
As tuas glórias já não te fascinam,
O teu coração em pedra se tornou, o que era para ser seu em pó tornaste,
Sem lar e sem direção só dor restou.

Toda a constância da dor é o espetáculo da vida,
Uma tragédia oca e sem direção,
Uma masmorra de ventríloquos, moscas e eruditos.
Por um deserto um coração segue sem rumo,
Em busca de um mundo sem mágoas, ou de um reino perdido.
Essa imanência é um jogo sujo do senhor das moscas
Em seus artefatos de mentiras, em sua face oculta,
Em seu acordo velado no labirinto do horror,
E o seu rumo se mantêm e o seu mito se detêm,
E quase todos os cavalos murmuram ao luar,
E quase todas as musas se põem a dançar,
Sob um gemido vago e destemido,
Sob o encantamento distorcido,
De um Dionísio louco e escarnecido,
E do meu pranto aturdido, vencido,
Bruto, amargo e retorcido.

Uma estrada perdida é aquela que se segue sozinho,
Como a continuidade da vida a se esgotar nas circunstâncias de um sonho perdido.
Malevolência ou sapiência de um destino atroz que se desfez,
Como um vento ominoso, sensual, carnívoro e fatal,
A fada suicida segue seu curso a se revelar.



Lil Nigrae