sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Vestígio de Sonho


Parecia um plano perfeito, uma mente sagaz, astuta...

Reservando um paraíso, imaginando um escorpião,

Impossível, impensável, impenetrável.

Esquecer no fundo é óbvio, queda no inferno!

Opressivo, exaustivo, imperdoável.

A arte do louco é manter-se são. E um deleite...

Suspensa no ar, imaginando um veneno,

Insuportável, insensato, desmedido.

Alice embevecida e crescida manuseia as cartas,

Escolhe as palavras para comê-las, melhor que pensar.

Recordar é afrontar o desejo suspenso, explosão da fábrica,

Insensível, insistente, insidioso.

Lucidez decomposta no contágio das engrenagens escandalizadas,

Dessa ausência de encontrar as páginas finais,

Uma vontade de poder inventiva no Bunker,

Vestígio de sonho, acréscimo de força, oscilação constante

Daquilo que faz correr, corre e corta... Irreversivelmente...

Essa imaginação de sonhar Deus sonhando você.

Williane Oliveira

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Nada pessoal


E tudo passou, fecho os olhos e a criança voltou, não estime seus pontos de vista,
O mundo falha ao exitar seus sentimentos, ensaiando uma máscara de verdade,
Calculando e medindo todas as intensidades brutas, reprimindo toda a pureza.
Meus olhos são como chamas nesta noite perdida em que preciso criar,
Minha mente transpira o infinito, demônios atrozes, lautréamont e Cia,
Estrondo espúrio e inimigo da razão, escolho odiar, escolho não escolher,
Deito de costas, continuo trancando a imensidão, lutando para ainda estar lá
Para um dia depois de toda luta entregar-me, abrir todas as portas, as janelas...
Engula a metafísica inteira e ganhe um corpo,
Segure minhas mãos, parecem frias?
Pareço morta?
Meu bem pulei toda a verdade, considerei todos os defeitos e separei as pequenas vitórias,
Nunca discordei das falsas e medíocres meias verdades, não subestimei os pontos de vista,
Mas a sua lua, cavaleiro, havia muitas noites em que minguou, escureceu, desfaleceu.
Adoro simulacros, neles somos perfeitos, dotados de superioridade, pretensa humanidade.
Meu bem, eu passo a noite aos pés de monstros, fecho os olhos para toda a angústia, respiro o ar e seguro um pouco antes de soltar tudo... Ao infinito.
Eu sou o alvo, olho para dentro, encontro as chaves, fecho os olhos e sigo sem sentir o chão,
Talvez a água cure tudo, as chamas só queimam mais as dores, mas o final da tempestade acalma e ainda espero por uma.
Júpiter ilumina meu caminho mesmo quando tudo em mim escurece, e eu recebo um sinal, os deuses povoam o infinito, por que não tentamos? Por que não aprender a sentir o universo inteiro quando tudo é tão simples.
Tudo que se deixa,
Tudo que se precisa,
Tudo que se deixa cair,
Dê ao mundo o que lembrar
Dê tudo e volte para ter mais
Se aproxime, sinta, sinta, sinta como se sente, o baixo mais baixo, o alto mais alto,
O tudo do tudo, o nada do nada.
Luz, luz, luz,
Escuridão, trevas, desrazão,
Ascensão! Esse é o sentido.
Luz, luz, luz,
Escuridão, trevas, desrazão,
Derrisão! Esse é o meu crime,
Nada pessoal.
Williane Oliveira

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O Invisível das Estrelas


Quando o mundo nos apequena? Quando a tristeza se apodera tão grandiosamente de nós, Quando você sente que não pode seguir em frente, E tudo se quebra por dentro, se dissipa... Passei os últimos tempos sentindo o gosto do nada, o vazio indescritível que me cerca, Sem força, um corpo sem órgãos, desterritorializada, incompleta, Lançada a multiplicidade e todas as suas hostilidades... Semeando raízes funestas no chão petrificado. Solo inútil! Eu sou invisível, Fui emudecendo, definhando no escuro da angústia, da minha solidão. Mudei o alvo e perdi a chave dos acontecimentos, e agora eu minto, vai tudo bem. Os franceses dizem: tudo compreender é tudo perdoar, mas tudo perdoar é morrer, E obviamente nesta lógica de compreensão absoluta que tudo é devir, estou singularmente morta E quando a noite chega o canto dos anjos semeam a desordem e o brilho das estrelas, E você não me dá nada, contudo, já sou tanto que conto todas as estrelas e todas as histórias que ainda não foram contadas, do berço ao túmulo. O mundo está esfriando, mas a luz que daí emana, queima. E a luz que daqui reflete, escurece brilho invisível! Trocaria todas as luzes por uma tempestade elétrica, nos dias chuvosos em que o café esfria e o maior compromisso é não ter nenhum, Nos dias em que a partir de todas as expectativas frustradas a pura possibilidade advém de súbito, Nos dias em que mergulhar na chuva parece um plano perfeito altero os estilos para confundir E os arrazoados mantêm o discurso geral, “mantenham a ordem”, mas o interior grita: não é suficiente, então vem e detém, e Torquato extravasa: “vem, eu só sei dizer vem, nem que seja só pra dizer adeus”. Williane Oliveira