terça-feira, 30 de agosto de 2011

As Nuvens


Nossas cabeças, esse repertório de loucuras divergindo,

Tais medusas serpenteando as esferas da insensatez,

Nossas incertezas- oráculo lúgubre.

Sobre as nuvens sopro o amor

Que na distância bate a tua porta e invade a tua ausência

E extremece lânguida, valente, sedenta.

Decaindo na tormenta,

Sem desmoronar captei a pequena marca da loucura,

Oculta na franja da alvorada,

Na beira do pensamento das minhas 78 rotações.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O jardim do Inferno


“Ana prendeu o instante entre os dedos antes que ele nunca mais fosse seu.” C.L.

Minha íntima desordem sucumbiu Clarice...

Finalmente funcional normal.

Esse passionalismo sem razão engolido pelas feras, pêndulo que rola.

Lânguida, rezo na luz pálida da noite cambaleante do desamor

Fingimento aflora; da escrita me desabrocha, mas o sol em mim transborda...

O jardim dele é tão bonito que me faz temer o inferno,

Ao longe/serva/dele/erva/nele/seiva/adensa/a fera.

A primazia da luz enrubesce; cega a solidão, que iludida, irrompe sentir gozo e lascívia,

Nessa jaula de gorilas- meu circo de veleidades...

Pretenso tempo enjaula sintonia/Colossal semblante em devaneio,

Puxa novelo de lã/gato ronrona/toca os pés da estátua e a luz se apaga.

Minha íntima melancolia vagueia sombra do meu amor Clarice...

Descompasso senil serra olhos, sussurra dor,

Cada passo cadafalso, no encalço desabafo,

Explodo em palavras, sem sentido, estilhaço a tormenta do meu céu de ilusões.

Cada estrela um sonho louco, teia densa salienta

A loucura desse inferno em conjunção,

Prolonga/teia/vazia/ceia/ oculta/seda/lascívia/cheia/desejo/anseia.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Oásis


Rugem rugem rugem

E como luzes passeiam

Em meu carrossel de ardil

E induzem,

A colar tua boca nas minhas nuvens.

Rugem as vidraças

E a tormenta passa,

Invade e faz graça,

Na minha faceira sedução que te enlaça

Rugem rugem rugem

As centelhas do devaneio,

De você sem teu espelho,

Corpo denso que explode;

Minha fruição.

Vento sopra sinfonia,

Dúbia cor de alegria,

Meu tempo tolo, versado em vão,

Vespeiro surdo colide na solidão,

Do frágil escárnio, da tormenta que a-tormenta,

Da tua pele que ausenta

A minha medida e me sangrenta,

Embalo, estouro o tempo

E paro em ti, deliquescida,

Sedenta; Ante o oásis...

Vem, vem, goteja!


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Carta ao Amor


“O amor é mudo, só a poesia o faz falar”. Novalis

“Para os surdos o amor é mudo, para os de visão o amor é tudo”.


Um pirata rumina

Pensamentos alheios querendo encontrar,

Faceira melancolia que anda a rondar.

Máscara; peito que chora, vento rasga sonhos velados d`àgua escura,

Com a mente no gatilho, Transpirando loucura...

Assalta céu, incendeia véu, no meio-tempo eclipsa désir,

Emudece corpo na presença solar, entontece na clareira do abismo, silencia sonhar.

Não sou ninguém, no grau zero emudecido/corpo oco/ silêncio confuso/extremo castigo.

O amor é mudo, esfera dantesca congela falar,

Sem pontos, vírgulas ou desencontros; Denso soluçar.

Perdendo um céu sem estrelas vaga o passante, na rua, na esquina, a todo instante,

Construindo uma armadura no mapa do mundo rendo os braços ao ontem que volta,

Porque voltei a te ler; nas entrelinhas do meu ser.

Flutuante descompasso no oceano margeia olhar, de tarde uma sombra, a noite fagulha,

Remanso e loucura;

Perverso demônio rumina pensamento/Das terras frias passeia cavaleiro,

Carrega símbolos antigos; seu fogo é devaneio,

Semeia a desordem das estrelas, clareia noite e incendeia,

Mística aurora das cinzas irrompe a hora- A hipnose da paixão.

Eu sou a origem e o fim de tudo

E te ensino a engolir abismos – dança, dança Dioniso, preciso do teu abrigo,

Engulo teu vacilo!

Sorvendo extasiado o prazer de te ver; luz do amanhecer,

Sem teu duplo reina a escuridão; presença que habita sem ser,

A poesia sem desejo, o café sem gosto, o vinho sem doce,

Mesmo mudando o alvo do sentido

Sem o dentro de você que de fora está vazio,

Desordena o sem sentido do meu abismo.