quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Antologia poética da Esquizopatia
Meu barco partiu, seguiu ao infinito,
Mas o olhar manteve a imagem
Do jardim do Éden,
Templo das malícias, delícias- ocaso
Sublime acaso objetivo, tragédia de Eros.
Os campos magnéticos, as manifestações densas, tensas
Da minha desrazão...
Exalando pulsões profundas, cruzando oceanos sagrados,
Fazendo a fantasia crescer- Ascensio, aceso, solaris.
Pretensão de- mais, mas quando a luz invade,
O poder do discurso evade; fuga disparada, apressada.
Ah o pensamento vertiginoso de uma ideia desconcertante,
Sopra dissolutamente metais alucinantes,
Aspiração incontida, desarmônica batida.
Viajo ao fim da noite, longa noite, minuto de desassossego.
A brisa sopra, o mar anseia o porvir, a redenção, à hora perfeita.
E os deuses engendram um tempo abrupto, fim das armas,
O relógio volta atrás,
E os deuses maquinam a medida perfeita,
Da boca seca que mar adentra a luz sedenta.
Invadindo a minha noite, você vive dentro,
Irradia pretensa disritmia; letargia,
Uma onda de luz, espiral cósmica, distante Era,
A noite emudeceu, procura o horizonte, escondeu-se no infinito,
Lua clara irradiando a luz absorvida de um sol tão distante,
Orando a sua chegada, luz da manhã tão clara,
Segurando a onda para não cair na luz infinitesimal
De um intenso pungente refletido em mim.
Eu arrasto as asas, os anjos, um céu inteiro,
Pulsando ondas eletromagnéticas,
Gotas caídas na noite infinda,
Das velas a céu aberto,
Jazz de dia,
Indie na noite,
Erousadia.
Williane Oliveira
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Céu errante
Rendando um estranho sentimento-
Um céu errante, insípida noturna, alma viciada,
Desordem emocional fruto do veneno dos ácidos,
Demonstração clara do buraco de desrazão
E o impulso delirante em declarar isso na Terra do Ódio.
Forjado no interior da mente divina,
Deus que sonha eternamente,
Diabo que trama continuamente,
Sem cessar... Lembranças de outro mundo.
Que espetáculo triste esse,
Um céu errante rendando estrelas que sonham
Com a chegada de um sol reluzente,
E uma distância encurtada que nada encurta,
Nem mesmo essa tristeza aguda.
Versos delirantes de um sonho esvaído
Em busca de um paraíso perdido,
Ronda noturna, em busca dos seres do desejo,
Pequenos Zaratustras giram planetas,
Ascenciosolaris- sublime travessia, esquizoerosia.
W.O.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Mortalidade Esquizofrênica
Preciso intervir na sua mentira, senhor-
Eu não acredito na existência de anjos,
Este olhar tão viscoso, oblíquo, enganoso, esverdeado.
Mas eu preciso acreditar... Medida do meu cansaço.
Mantenha as velas queimando, puras e límpidas, senhor-
Os nossos anjos repousam, nossos demônios gritam, pedimos paz.
Temos um mar de diamantes, tu lanças aos porcos, alma louca.
O espelho é um pedaço da tua alma, caia na chuva de metal.
Mortalidade esquizofrênica, devedora, distanciada,
Tens sempre uma carta na manga, uma nova fábula a contar,
Uma nova promessa miraculosa, uma psicose bastarda.
Preciso intervir na sua mentira, senhor-
Há um oceano, mas, as rosas negras te acompanham,
Não estás a precisar de companhia, precisa de um rumo,
Mas eu preciso acreditar...
Que não minto,
Que não forjo,
Que não ponho dúvidas,
Que estratifico a solidão nos pequenos tijolos construídos.
Mantenha a distância senhor, estava quase azul,
Mas as rosas negras que te acompanham emanam as raízes funestas em ti
Através da distância insípida o teu olhar, opulenta servidão.
Cuidado senhor, no mar mais límpido as dores estão enraizadas,
Na mais tênue decisão, no profundo da minha derrisão,
Nos versos, parágrafos, na disritmia, nas pausas, nas vibrações,
Na enigmática eletricidade da produção desejante, uma mortalidade esquizofrênica
Perpetua uma intenção.
W.O.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Desegeografia- O oceano do desejo
Cartografando, maquinando, agenciando uma presença avassaladora,
Acalma e traz paz- Desegeografia
Refletida nas emoções cristalizadas, presença calmante,
Máscara de auto-engano? Como seu reflexo cresceu.
Esperem, as imagens refletidas são pulsações energéticas,
Substrato favorável a criação da língua artística, arte?
Philia é passo incondicional de abandono, Eros se estende,
Ágape transcende... Processo alienante, esterilizante?
Anestesia da oscilação das marés constantes,
Sobre o oceano do desejo nós sonhamos...
Com um mundo de puro porvir e redenção.
Na distância infinda da tua solidão; os lobos.
Não as fantasias, as neuroses, os segredos,
Sim as potências do desejo- esquizoideia, desegeografia.
W.O.