domingo, 7 de setembro de 2008

Todas as Crianças são Insanas



Todas as crianças são insanas, como nós,
Insanos em nossas dores, ironias, odores.
Porque o mundo se cala quando o medo se instaura,
Porque tua pele resplandece a aurora infinda das marés,
Na agudeza torpe de teu semblante.

A frieza depressiva das florestas,
A tragédia absurda das visões noturnais,
São admoestações ancoradas no seio viscoso da terra,
Pedaços de memórias tristes ancestrais.

Parte do meu espírito esqueceu de mim,
A outra parte lembrou de você.
O receio do esquecimento de mim partiu,
Mas o martírio oculto do velamento, enraizou-se em nosso mundo.

Profundo são os ventos que nos tocam,
Como as marés nas rochas, a vibração das ondas,
A oscilação profunda dos sonos angustiantes,
A entrada repentina na cabana,
O sono onipotente, amargo,
Pesadelos confusos oriundos dos cogumelos

As criações são engenhos malignos de máquinas hostis a poesia,
As imagens refletidas são pulsações energéticas,
Das ervas daninhas petrificadas,
Do solo vigoroso, das raízes ocultas,
Do mundo ominoso.

Não há nada aqui de novo,
Só o alto da janela, os pombos, a visão do mar.
O tédio flutuante, o vento sibilante, o meu mundo inconstante.

Os sinos tocam e oculta o grito da criança,
A mimética das formas, das canções infernais,
Das almas dos malditos a me incomodar.
E todas as crianças são insanas,
E o universo grita as suas perdas.

Williane Oliveira.