“O amor é mudo, só a poesia o faz falar”. Novalis
“Para os surdos o amor é mudo, para os de visão o amor é tudo”.
Um pirata rumina
Pensamentos alheios querendo encontrar,
Faceira melancolia que anda a rondar.
Máscara; peito que chora, vento rasga sonhos velados d`àgua escura,
Com a mente no gatilho, Transpirando loucura...
Assalta céu, incendeia véu, no meio-tempo eclipsa désir,
Emudece corpo na presença solar, entontece na clareira do abismo, silencia sonhar.
Não sou ninguém, no grau zero emudecido/corpo oco/ silêncio confuso/extremo castigo.
O amor é mudo, esfera dantesca congela falar,
Sem pontos, vírgulas ou desencontros; Denso soluçar.
Perdendo um céu sem estrelas vaga o passante, na rua, na esquina, a todo instante,
Construindo uma armadura no mapa do mundo rendo os braços ao ontem que volta,
Porque voltei a te ler; nas entrelinhas do meu ser.
Flutuante descompasso no oceano margeia olhar, de tarde uma sombra, a noite fagulha,
Remanso e loucura;
Perverso demônio rumina pensamento/Das terras frias passeia cavaleiro,
Carrega símbolos antigos; seu fogo é devaneio,
Semeia a desordem das estrelas, clareia noite e incendeia,
Mística aurora das cinzas irrompe a hora- A hipnose da paixão.
Eu sou a origem e o fim de tudo
E te ensino a engolir abismos – dança, dança Dioniso, preciso do teu abrigo,
Engulo teu vacilo!
Sorvendo extasiado o prazer de te ver; luz do amanhecer,
Sem teu duplo reina a escuridão; presença que habita sem ser,
A poesia sem desejo, o café sem gosto, o vinho sem doce,
Mesmo mudando o alvo do sentido
Sem o dentro de você que de fora está vazio,
Desordena o sem sentido do meu abismo.