segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Carta ao Amor


“O amor é mudo, só a poesia o faz falar”. Novalis

“Para os surdos o amor é mudo, para os de visão o amor é tudo”.


Um pirata rumina

Pensamentos alheios querendo encontrar,

Faceira melancolia que anda a rondar.

Máscara; peito que chora, vento rasga sonhos velados d`àgua escura,

Com a mente no gatilho, Transpirando loucura...

Assalta céu, incendeia véu, no meio-tempo eclipsa désir,

Emudece corpo na presença solar, entontece na clareira do abismo, silencia sonhar.

Não sou ninguém, no grau zero emudecido/corpo oco/ silêncio confuso/extremo castigo.

O amor é mudo, esfera dantesca congela falar,

Sem pontos, vírgulas ou desencontros; Denso soluçar.

Perdendo um céu sem estrelas vaga o passante, na rua, na esquina, a todo instante,

Construindo uma armadura no mapa do mundo rendo os braços ao ontem que volta,

Porque voltei a te ler; nas entrelinhas do meu ser.

Flutuante descompasso no oceano margeia olhar, de tarde uma sombra, a noite fagulha,

Remanso e loucura;

Perverso demônio rumina pensamento/Das terras frias passeia cavaleiro,

Carrega símbolos antigos; seu fogo é devaneio,

Semeia a desordem das estrelas, clareia noite e incendeia,

Mística aurora das cinzas irrompe a hora- A hipnose da paixão.

Eu sou a origem e o fim de tudo

E te ensino a engolir abismos – dança, dança Dioniso, preciso do teu abrigo,

Engulo teu vacilo!

Sorvendo extasiado o prazer de te ver; luz do amanhecer,

Sem teu duplo reina a escuridão; presença que habita sem ser,

A poesia sem desejo, o café sem gosto, o vinho sem doce,

Mesmo mudando o alvo do sentido

Sem o dentro de você que de fora está vazio,

Desordena o sem sentido do meu abismo.

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