domingo, 30 de janeiro de 2011

A anatomista


Lilith astuta criou raças malignas,
Um Deus ciumento destronou-a da vida,
Lilith imperativa fez-se sonho, gozo e lascívia,
Dama infernal, musa erudita.
Dança, dança, entorpece e alcança
O sol pelas arestas arrebata e avança.
Maquina a entidade no pensamento,
Projeta o espaço do sentimento,
Lua negra do porvir, sonho tenso alucinante,
Vai buscar alma q´dormenta
E extremece a tormenta.
No limiar dos mistérios, profundo abismo,
Misticamente ressoa...metafísica da carne,
Natureza da crueldade enterra a essência
Libera, violenta, oculta tumba ferozmente
Rouba fera senil da prisão que atormenta.
Lil Nigrae
W.O.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Cântico ao Sol


Chuva pare borboletas,

Intenso compasso; cambaleia, cambaleia,

Dança em círculo; rodopia, rodopia, melancolia...

Tempo outrora findou nas esquinas gaguejar,

Para teu sorriso ronronar.

Frenesi, oração, da rotina à imensidão,

Repentina lua azul na travessa da solidão.

Arrebol, vento sussurra febril desmesura,

Aglutina luzes paradoxais, ausenta, experimenta,

Expõe loucura.

Desmerece, estarrece, acalma e entorpece,

Trombeteia anjos dóceis, na tormenta...

Cruelmente respira, alimenta violência

Ao sol.

W.O.

Sede Lunar


Nas esquinas do teu sol, Meu olhar te cruzar,

Atravesso o teu mar...

No teu torpe, remansando,

No teu mar, mergulhando, renascendo, escandalizando.

À surdina, analisando, vago, vago, entrecruzando,

Faço chuva, arrebato mundo.

Vadia, vadia, tão distante, surrupia,

O meu medo, minha dor, morde lábio, Beijacéu,

Mata a noite, vela corpo, vela acesa, vela fogo.

Medo, medo, arroto oco, da distância, acende!

Eu morro, eu morro; do gozo, do estorvo.

Rôo o osso, vagueio lua,

Desperto crepúsculo, escrúpulo, travessa melancolia,

Liturgia, mania desencadeia alegria.

Recriando monotonia, espaço do remanso.

Dias vermelhos, poupando energia...

Febre, febre, no calor do ócio,

Promessa desencadeia luz inesperada,

Paradoxo, paraíso, estimulante, dose letal...

Minha cafeína, insônia irradia, acelera e sangue congela,

Sentido sente o sentir; dor de partir, devém,

Hora de despertar; sede lunar.

W.O.


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Do Inferno


Clarão que insufla a noite,

Manifestação alucinatória instintual; tente escapar...

Ronda noturna, hospeda estranha volúpia,

Do inferno.

Controle habitual deixe-o ir,

Precipita pensamento fúnebre,

Psiquismo descencional consome e amordaça

Sonho alucinante da mente bastarda,

Colapso, soturno, subitamente retrai

Terremoto circunstancial,

Do inferno

Hostil, servil, paulatinamente se esvai,

Martela, martela pretensa desarmonia,

Compadece a dor, deixe-a ir.

Sorrateiro o desejo aporta

Hipnoticamente exorta noite alucinante,

Dos dias senis,

Do inferno.

Perfume cambaleia divindade,

Fogueia sorriso mentiroso,

Abandona antigos rituais, mito visceral,

Sussurra astutos sortilégios, congrega presença fundamental.

Do inferno irrompe o filho da luz da manhã mais clara,

Evoca paralisia, fantasia, estronda, paira na noite, abriga meu mundo,

De ontem... Não salve, deixe perder, cinicamente subverta e deixe tecer

Uma trama sensível que flameja bravura,

Do inferno.

Mata, mata a fome do sonho,

Tortura as estrelas, remedia loucura.

Envenena noite enfadonha,

Terremoto circunstancial,

Ponto de vertigem

Extremece vértice de (prezar)

Do inferno.

Estranha na terra estranha,

Entontece ao abismo, foge ao discurso.

Gelando os sentidos, meu impossível,

Do inferno.

Enlil.


sábado, 15 de janeiro de 2011

A peste, o pulso e o vírus


Uma peste,

Amordaça, enclausura, causa? - fissura.

Adormece, extremece, causa? - angústia.

A rotina, meio-dia, tempo tenro, melancolia.

Alma doravante esperneia, se contrai e experimenta

O placebo e a tormenta.

O pulso,

Delira, entorpece, pura agonia,

Das injúrias derramadas,

Fora do compasso- familiar.

O vírus,

Dissemina estranha letargia,

Resvala euforia além dos poros.

Paroxismo, auge febril na doce crueldade,

Céu que rasga a tormenta boceja noite enfadonha,

Suspensão dos pulsos, sangra na noite sedenta,

Entorpece e alimenta.

Anne.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Negras sendas


Negras são as sendas que se arrasta sobre a noite que cai.

Pensamentos são como seiva,

Levam a caminhos perenes, numa imensidão sem fim.

Então o que sou? Metafísica em desuso.

Mas quando olho, não é olho- intruso, espesso, confuso.

Espere e sangre...

Quantas horas gastarão para encontrar o caminho de retorno?

Quanto tempo passará até ultrapassar as sendas que se arrastam

Rumo à fronteira do infinito? Dure o tempo que for preciso,

Até perdermos o topo da cadeia evolutiva, e não restar viva alma e

Sobre o espaço terrestre, as raízes daninhas, um espetáculo poeril.

Você é o morto, eu, apenas ideia, fulguro entre as sombras,

Das desordens passionais, libidinais, jogo de dados...

Açoite de horror, juventude como temporal? Esvai-se e avilta

O absurdo que é a vida.

As ilusões do porvir e do nosso amor; psicodelia visceral,

Transgrida, não reflita, desvie, não espie.

Não entenda, experimente, não objetive, insufle.

Olhos, olhos, viscosos, pueris,

Queimando dentro, flamejando, incendiando,

Morrendo, forjando uma dama de espadas, escusa, espúria.

Vírus letal, a cama está sendo preparada, cuidadosamente...

Do veneno- o mais perverso; insidioso, fissura.

Boca, boca, molhada, vermelho sangrento,

Esfriando, gelando, entorpecendo, mordendo,

Renascendo- relativismo dos mortos,

Rasga as sendas do meu destino, paradoxo?

Puro acaso objetivo.

Vírus letal, o script está sendo preparado, cuidadosamente...

Cada passo-cadafalso, na noite dos olhos e boca,

Adentra a sede sulfúrica, ardente...

Sua morte- minha culpa,

Seiva corrosiva infectou-se de mudas raízes,

Esvaí-se de dúvida

W.O.