terça-feira, 22 de março de 2011

Carnaval


"a virtude é o próprio vício / conforme se sabe / acabe logo comigo / ou se acabe" Torquato neto.

Carnaval

Nas ruelas esquecidas dos mijadouros os passantes depositam seus desejos,

Elementos barrocos sustentam as marionetes armadas em paus de vedetes

Nas finas calçadas.

Um dia vou estar no seu carnaval, correr na serpentina morar na tua calçada.

Um dia arranco a máscara de torpe semblante e vejo a alma que em disfarce

Confunde-me e invade reinante.

Invasão de domicílio é crime, sai da minha mente, sai do meu espírito,

Roubar dá cadeia, devolve minha alma, bate em retirada.

Não me usa para você, se dá para mim, um dia ou noite;

Deixar desejo de querer acontecer.

Todo dia eu acordo: será que hoje eu ei de esquecer?

Pensamento tão insistente que perpassa e não corresponde.

Aglutina vozes paradoxais, viscerais...

E tudo distancia: as horas, o tempo, o mundo;

E tudo evidencia: as ideias, a musica, a melancolia.

A proximidade distante telematicamente alimenta pensar inconstante,

Ausência permanente elabora circunstância de capturar instante de tocar

O reflexo de milhões de luzes, o espectro errante.

Faz esquecer, acontecendo até morrer, erradica a miséria sem fim

Da droga mais potente- pico de letargia.

Acredite, é um sonho, tento não considerar o que é tão evidente,

Tento não espelhar sentimento tão presente,

Não experimentar desejo tão ardente,

Nessa comuna tão vibrante estandarte de entrega

Revela senil desmesura, atropela lisérgica lunar.

Estilhaça-me ou amordaça-me!


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