terça-feira, 4 de novembro de 2008

A travessia



A luz, a profundidade, atravessou carne e espírito,
E delas brotaram um infinito de cores despertos em mim.
Um incêndio ensombrecido marginalizado nos odores exalados,
Das inconstâncias de um profundo em cores, da flor azul.

Mas quando amanha, a manha não retornar e o escuro em mim ficar,
Será que encontrarei as sombras que habitam?
Os espaços cognoscíveis de meu consciente despertos exprimem
O circo horrífico da vil humanidade, decompostos nos teatros marginais,
De um vulto que bate a porta. Precipitado, despido e expurgado do inferno.
Se eu não posso ser eu mesma, é melhor que eu pereça na intangibilidade dos mortos

Mas quando você acordar do profundo sono do egocentrismo puro, abstrato e surreal,
O que restará do mundo construído e abnegado?
Vários sóis parecem despertar e uma nova aurora há de chegar,
Milênios de tempestades e noites cinzentas ungiram a minha mãe,
E a prometida sempre cumpre a sua profecia,
E a criança ainda sim habita a profundidade, nos mundos desditos e incompreendidos da humanidade.

Eu olho a minha volta e as fogueiras estão acesas,
Eu procuro um abrigo, mas as árvores estão mortas,
E eu não tenho asas, e somente o anoitecer cobrirá toda a angústia,
E desmentirá toda a insanidade desperta nas luzes opacas das pupilas dilatadas de outrora,
Dos conflitos exaltados sobre filosofias cegas e sem razão, dos pastores lunáticos sem paixão,
Mas das cinzas ressurge a fênix, a de muitos nomes, aquela renegada, renascida da memória ardente de uma lady Godiva, das travessuras sabáticas de pseudo-anatomistas,
Em queda fui ungida, uma lilith arguta, assumida...

W.O.

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