segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Mortalidade Esquizofrênica


Preciso intervir na sua mentira, senhor-

Eu não acredito na existência de anjos,

Este olhar tão viscoso, oblíquo, enganoso, esverdeado.

Mas eu preciso acreditar... Medida do meu cansaço.

Mantenha as velas queimando, puras e límpidas, senhor-

Os nossos anjos repousam, nossos demônios gritam, pedimos paz.

Temos um mar de diamantes, tu lanças aos porcos, alma louca.

O espelho é um pedaço da tua alma, caia na chuva de metal.

Mortalidade esquizofrênica, devedora, distanciada,

Tens sempre uma carta na manga, uma nova fábula a contar,

Uma nova promessa miraculosa, uma psicose bastarda.

Preciso intervir na sua mentira, senhor-

Há um oceano, mas, as rosas negras te acompanham,

Não estás a precisar de companhia, precisa de um rumo,

Mas eu preciso acreditar...

Que não minto,

Que não forjo,

Que não ponho dúvidas,

Que estratifico a solidão nos pequenos tijolos construídos.

Mantenha a distância senhor, estava quase azul,

Mas as rosas negras que te acompanham emanam as raízes funestas em ti

Através da distância insípida o teu olhar, opulenta servidão.

Cuidado senhor, no mar mais límpido as dores estão enraizadas,

Na mais tênue decisão, no profundo da minha derrisão,

Nos versos, parágrafos, na disritmia, nas pausas, nas vibrações,

Na enigmática eletricidade da produção desejante, uma mortalidade esquizofrênica

Perpetua uma intenção.

W.O.


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