quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O Invisível das Estrelas


Quando o mundo nos apequena? Quando a tristeza se apodera tão grandiosamente de nós, Quando você sente que não pode seguir em frente, E tudo se quebra por dentro, se dissipa... Passei os últimos tempos sentindo o gosto do nada, o vazio indescritível que me cerca, Sem força, um corpo sem órgãos, desterritorializada, incompleta, Lançada a multiplicidade e todas as suas hostilidades... Semeando raízes funestas no chão petrificado. Solo inútil! Eu sou invisível, Fui emudecendo, definhando no escuro da angústia, da minha solidão. Mudei o alvo e perdi a chave dos acontecimentos, e agora eu minto, vai tudo bem. Os franceses dizem: tudo compreender é tudo perdoar, mas tudo perdoar é morrer, E obviamente nesta lógica de compreensão absoluta que tudo é devir, estou singularmente morta E quando a noite chega o canto dos anjos semeam a desordem e o brilho das estrelas, E você não me dá nada, contudo, já sou tanto que conto todas as estrelas e todas as histórias que ainda não foram contadas, do berço ao túmulo. O mundo está esfriando, mas a luz que daí emana, queima. E a luz que daqui reflete, escurece brilho invisível! Trocaria todas as luzes por uma tempestade elétrica, nos dias chuvosos em que o café esfria e o maior compromisso é não ter nenhum, Nos dias em que a partir de todas as expectativas frustradas a pura possibilidade advém de súbito, Nos dias em que mergulhar na chuva parece um plano perfeito altero os estilos para confundir E os arrazoados mantêm o discurso geral, “mantenham a ordem”, mas o interior grita: não é suficiente, então vem e detém, e Torquato extravasa: “vem, eu só sei dizer vem, nem que seja só pra dizer adeus”. Williane Oliveira

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