domingo, 13 de fevereiro de 2011

Uma Espiã no Céu


É porque eu sou noite e você dia, Mesmo assim, a gente vadia, Encontra possível medida e liturgia. É porque eu abro a porta, Você não entra e ignora, disfarça, vai embora. Sua altura e destreza só dão tamanha incerteza Dos teus anseios e esquematizações, puro receio e distração. É porque te amo que não te quero, me desespero, mas não me entrego. Não é mito, nem projeção, puro desejo sem intenção, Não é malícia, nem desrazão, apenas mergulho fundo; Passando fome, pedindo carona, tirando o Vicodin da alimentação, Na tua morada peço abrigo, peço também o teu castigo. Eu me dava para você, mesmo com todo o perigo, de não ser somente eu, Nem tu comigo, apenas instante de Prometer, um sonho turvo de enlouquecer. Mas amaria teu meio-dia, a tua força e alegria, instante raro, penetraria No teu amparo e roubaria; um olhar teu, a boca fria, o cheiro forte eu comeria, Para dizer daqui ao leito, podes crer: que te querer é padecer d´algo letal, vai se saber!

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