terça-feira, 20 de março de 2007

A Mundanidade



Ávila sempre foi dada a excessos e que quase sempre eram regados a brigas e discussões que até hoje não a acrescentaram em absolutamente nada. Hostil a quase tudo que é humano, vivenciou cada gota do seu ódio paulatinamente até se fartar. Celebrava constantemente os outros caírem em desgraça, chegava quase ao êxtase do prazer e satisfação que causava ver os sonhos, decepções e amarguras dos que estavam a sua volta. Não que fizesse isso por instinto, mas sim por frustração advinda da sede de vida que se dissipara e que como conforto de uma alma morta estava a se configurar na necessidade destrutiva de se lamentar pelo sucesso alheio. Talvez o que mais a desagradasse era o fato de por mais mal desejasse aos outros, parecia que a força de seu pensamento acabava resultando em bons agouros para os outros, a tal ponto que a sua amargura com o passar do tempo só piorava o que sentia. Todas as suas idiossincrasias partiam de um apelo inconsciente de vontade de vida, de sentir em seu âmago o profundo do humano, o transbordante ponto entre êxtase e salvação, o vagar solto na beira do abismo entre atmosferas desconhecidas e chegar ao ponto máximo de ebulição sem nada a desejar, mas, no entanto, apenas o gritante fato do que era a vida até então lhe ocorria, sobre a problematicidade e o espanto dos porquês da vida, esse regressar infinitamente para nenhuma resposta possível, a de que para cada porque há sempre mais um porquê e assim infinitamente.

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